quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Karita Mattila, Fundação Gulbenkian, Fevereiro de 2012

 (fotografias / photos do site da Fundação Gulbenkian)

 Acompanhada ao piano por Ville Matvejeff, o soprano finlandês Karita Mattila cantou, mais uma vez, na Gulbenkian. Interpretou Alban Berg (sete canções de juventude), Lieder de Johannes Brahms e, na segunda parte, Claude Debussy (canções sobre poemas de Baudelaire) e Lieder de Richard Strauss.

A voz de Karita Mattila é invulgarmente bela e tem um timbre único que se reconhece imediatamente. A cantora possui uma técnica fabulosa que lhe permite abordar com segurança e perfeição todo o reportório que canta. A potência vocal é enorme, mas a voz é deslumbrante tanto quando canta em fortíssimo como nos pianíssimos. E a capacidade interpretativa é fantástica.

Para mim o concerto foi em crescendo: notável em Berg, excelente em Brahms, fabulosa em Debussy e arrasadora em Strauss. Das quatro canções de Strauss, ofereceu-nos uma interpretação superlativa em Wiegenlied e arrebatadora em Frühlingsfeier. Só estas duas teriam valido o concerto e mostram a versatilidade e excepcionalidade da cantora.


 Para além da voz, Karita Mattila é outra artista que revelou simpatia transbordante. Muitos dos grandes são assim! Ofereceu dois extras, um deles uma divertida canção finlandesa (cantada numa língua exótica para nós, como referiu com humor). Já na fase final dos aplausos, pediu silêncio e cantou um Good night inspirado no West Side Story de Bernstein. Fantástica!

Na Fundação Gulbenkian pudemos ouvir, em dois dias seguidos, dois dos melhores cantores da actualidade (Andreas Scholl e Karita Mattila). O que seria de nós, portugueses, sem a Fundação? Culturalmente (e não só) estaríamos mortos.

Bravo Gulbenkian e muito obrigado!

*****



Karita Mattila, Gulbenkian Foundation, February 2012

Accompanied by Ville Matvejeff (piano), Finnish soprano Karita Mattila sang once more at the Gulbenkian Foundation. She interpreted Alban Berg (seven songs of youth), Lieder by Johannes Brahms, Claude Debussy (songs on poems by Baudelaire) and Lieder by Richard Strauss.

Karita Mattila's voice is unusually beautiful and has a unique timbre that is recognized immediately. The singer has a fabulous technique that allows her to safely approach in perfection all her singing repertoire. The vocal power is enormous, but the voice is beautiful whether she sings fortissimi or pianissimi. And her artistic capacity is fantastic.

For me the concert was in crescendo: she was outstanding in Berg, excellent in Brahms, fabulous in Debussy and unsurpassed in Strauss. Of the four songs by Strauss, she offered us a superlative interpretation of Wiegenlied and unsurpassed in Frühlingsfeier. Only these two would have been worth the concert, and showed the versatility and uniqueness of the singer.

Apart from her voice, Karita Mattila is another artist who has shown overflowing sympathy. Many of the best are like that! She offered two extras, one of them a fun Finnish song (sung in an exotic language for us, as she said with humour). In the final part of applause, she called for silence and sang a Good night inspired by Bernstein’s West Side Story. Fantastic!

We heard at the Gulbenkian Foundation, in two consecutive days, two of the best singers in the world (Andreas Scholl and Karita Mattila). What would happen to us, Portuguese, without the Gulbenkian Foundation? Culturally (and beyond) we're dead.

Bravo Gulbenkian and thank you!

*****

4 comentários:

  1. Caro Fanático,
    pelo seu rigor crítico, ver tamanha empolgação, me faz ter certeza de que foi um espetáculo de primeiríssima. Pena é não poder tambem ter estado lá.
    Parabéns aos artistas e a fundação Gulbekian!
    Um grande abraço

    ResponderEliminar
  2. dear Fanatico.. expressed a very nice..You're in the art. so you live in your soul...

    ResponderEliminar
  3. Foi, realmente, um privilégio assistir a Karita Mattila. Além de uma excelente voz, foi de uma simpatia transbordante.

    Concordo inteiramente consigo FanaticoUm: foi em crescendo e esteve absolutamente magistral em Strauss.

    E devemos todos agradecer a oportunidade que o Ministério da Cultura — perdão! queria dizer FUNDAÇÃO GULBENKIAN — nos dá de assistir a espectáculos de tão elevada qualidade e, diga-se!, a preços tão acessíveis. Não fossem eles e a cultura (artes plásticas, música, ciência, e por aí fora) estaria totalmente pelas ruas da amargura... Um exemplo!

    ResponderEliminar
  4. Não tive a oportunidade de assistir a este concerto mas parece-me que valeu a pena esperar desde Setembro pela vinda de Mattila. Mais uma excelente contribuição da Gulbenkian para o nosso enriquecimento cultural.

    ResponderEliminar