sexta-feira, 25 de outubro de 2013

MEPHISTOPHELES, War Memorial Opera House, San Francisco, Outubro de 2013 / October 2013

(review in english below)

Mephistopheles é uma ópera de Arrigo Boito com libretto do compositor segundo o drama épico Faust de Goethe.


 Assisti em San Francisco à primeira grande encenação de ópera de Robert Carsen, de 1989, que muito apreciei. É uma produção de assinalável riqueza cénica e visualmente inesquecível. Carsen optou por criar um espectáculo dentro do espectáculo, algo regularmente visto em produções de ópera e que aqui resultou muito bem. Os camarotes e a plateia fictícios estão ocupados e há uma excelente exploração de um segundo plano no palco, coberto por uma tela inicialmente opaca, mas que se vai tornando transparente, deixando ver o que se passa atrás.


 A presença de elevado número de cadeiras em palco é uma assinatura do encenador. Toda a ópera é de grande impacto visual, mas destacaria o prólogo no céu, o Domingo de Páscoa do primeiro acto (impressionante) e, no 4º acto, o transporte de Fausto para a Grécia antiga.
Esta produção é um bom exemplo de que a ópera é para ouvir e também para ver.

A direcção musical foi de qualidade e esteve a cargo do maestro titular Nicola Luisotti. Tanto a Orquestra como o Coro estiveram ao mais alto nível.


 O baixo russo Ildar Abdrazakov fez um Mefistofele excelente, tanto na interpretação vocal como cénica. É um baixo seguro, potente, apelativo, cenicamente muito ágil, credível e com intervenções cómicas de bom gosto. Tem uma excelente figura física, que foi bem aproveitada pelo encenador, que o manteve em tronco nú durante várias partes do espectáculo.


 Patrícia Racette, soprano norte americana, foi Margherita e Elena. A cantora, sempre bem audível, interpretou o papel de Margherita com emoção, embora por vezes lhe faltasse um pouco mais de doçura na voz. Gostei particularmente da sua Elena.


 Fausto foi cantado pelo tenor mexicano Ramón Vargas. Foi a melhor interpretação que já lhe ouvi. Esteve óptimo no canto, sem maneirismos, gritos ou desafinações, o que não aconteceu noutras vezes que o vi. Fez uma personagem ao nível dos outros solistas.


 Nos papéis secundários os cantores cumpriram com dignidade. Vários deles eram “Alder Fellows”, jovens cantores residentes deste prestigiado programa da San Francisco Opera. Destaco apenas o mezzo Erin Johnson que foi a Marta. Assegurou momentos de grande comicidade pelo aproveitamento das suas avantajadas mamas para, em vão, tentar seduzir Mefistofele no 2º Acto.



Um espectáculo de grande qualidade.







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Mefistofele, War Memorial Opera House, San Francisco, October 2013

Mephistopheles is an opera with libretto by Arrigo Boito based on the composer's epic drama Faust of Goethe.

I attended in San Francisco the first great opera staging by Robert Carsen of 1989. It is a production of great scenic quality and visually unforgettable. Carsen chose to create a show within the show, an option regularly seen in opera productions that worked well here  The boxes are fictitious and full of audience members and there is an excellent exploration of the background on the stage, covered by an opaque screen initially that gradually becomes transparent, revealing what goes on behind.

The presence of large number of chairs on stage is a signature of the director. The whole opera is of great visual impact, but I highlight the prologue in heaven, Easter Sunday in the first act (impressive), and in the 4th act, the transportation of Faust to ancient Greece.

This production is a good example that opera is to be heard but also to be seen.

Musical direction by chief conductor Nicola Luisotti was of quality. Both the orchestra and the choir were at the highest level.

Russian bass Ildar Abdrazakov was an excellent ​​Mefistofele, both vocally and on stage. He is a solid, powerful, and appealing bass. Scenically he was very agile, credible and also played nice comic parts. He has an excellent physical figure, which was well explored by the director, who kept him without shirt in various parts of the performance.

Patricia Racette, north american soprano, was Margherita and Elena. The singer, always audible, played the role of Margherita with emotion, but sometimes lacked a bit of sweetness in her voice  I particularly liked her Elena.

Faust was sung by Mexican tenor Ramón Vargas. It was the best performance I have ever heard from him. He sang very well, always in tune, without mannerisms or screams, which has not happened in other times I saw him. He was at the same high level of the other soloists.

In supporting roles the singers were also good. Several of them were "Alder Fellows", young resident singers of this prestigious program of the San Francisco Opera . I highlight mezzo Erin Johnson as Marta. She interpreted moments of great comedy by leveraging her well-endowed breasts to, in vain, try to seduce Mefistofele in the 2nd Act.

A performance of great quality.


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sábado, 19 de outubro de 2013

EUGENE ONEGIN, METropolitan OPERA, Nova Iorque, Outubro de 2013 / New York, October 2013

(review in english below)


Eugene Onegin é uma ópera de PI Tchaikovsky com libretto de Konstantin Shilovski baseado no poema de Pushkin. O enredo pode ler-se aqui.



Se a encenação anterior de Carsen na Metropolitan Opera era de grande beleza, esta não fica atrás. De Fiona Shaw, importada da English National Opera, é sóbrea e muito agradável, retratando o ambiente rural russo. A acção passa-se numa sala da casa de Larina, num salão de baile, no campo e, no final, em São Petersburgo, noutra sala de baile com umas colunas imponentes, De todos os cenários talvez o últomo será o menos conseguido. O guarda roupa de Chloe Obolensky é de invulgar bom gosto.


A direcção musical de Valery Gerghiev foi excelente e o maestro deu sempre a primazia aos cantores, o que não acontece frequentemente e é louvável. Por isso a sonoridade musical soou mais contida em certas partes, mas a interpretação foi muito emotiva.


Que dizer de Anna Netrebko como Tatiana? Que, mais uma vez, foi insuperável, é já um lugar comum. Mas vê-la num papel mais contido e introspectivo foi uma novidade para mim que confirmou as suas qualidades interpretativas de excepção. A voz é fabulosa, de uma beleza avassaladora, perfeitamente adequada ao papel, com agudos fáceis e luminosos e pianíssimos audíveis nos locais mais recônditos do enorme teatro, de arrepiar. Cenicamente foi notável, tanto na postura tímida e insegura no início como, num contraste total, no beijo final de despedida e rejeição de Onegin. Um privilégio único ver e ouvir a Netrebko cantando na sua língua natal, talvez na melhor interpretação a que assisti.


O tenor polaco Piotr Beczala foi um Lenski também ao mais alto nível interpretativo. Está no seu máximo esplendor e a voz é de grande beleza tímbrica e sempre bem colocada. O cantor foi excelente em cena, protagonizando alguns dos momentos mais marcantes do espectáculo.


Onegin foi interpretado pelo barítono polaco Mariusz Kwiecien. Foi um vilão à altura da exigência da personagem, com uma assinalável prestação vocal, embora a potência tenha estado, ocasionalmente, abaixo do desejável. Também teve uma insuperável presença cénica, ajudada pela sua boa figura.


Quem me surpreendeu pela negativa foi o baixo bielorusso Alexei Tanovitski que foi decepcionante como Príncipe Gremin. Quando há poucos anos cantou o mesmo papel em São Carlos, impressionou-me muito positivamente pela qualidade interpretativa. Não sei o que se terá passado com o cantor que está uma sombra do que foi há poucos anos. Voz fraca, mal audível, quase sempre fora de tom. Foi uma interpretação confrangedora e em contraste absoluto com os outros solistas.


Também o tenor John Graham-Hall fez um Triquet fraco, que mal se ouviu.

Elena Zaremba (Larina), Larissa Diadkova (Filipyevna) e Oksana Volkova (Olga), respectivamente mãe, aia e irmã da Tatiana, ofereceram-nos interpretações de grande nível.





No computo final, um excelente Eugene Onegin, digno da abertura da temporada da Metropolitan Opera.

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Eugene Onegin, Metropolitan Opera, New York , October 2013

Eugene Onegin is an opera by PI Tchaikovsky with libretto by Konstantin Shilovski based on the poem by Pushkin. The plot can be read here.

If the previous Carsen staging at the Metropolitan Opera was of great beauty, the present one by Fiona Shaw is not far behind. Imported from the English National Opera, it is sober and very enjoyable, portraying the Russian rural atmosphere . The action takes place in a room of Larina’s house, a ballroom, in the field and at the end in St. Petersburg, in another ballroom with stately columns. From  all of the scenarios perhaps the last one is less successful . The dresses by Chloe Obolensky are fabulous.


Musical direction of Valery Gerghiev was always excellent and the conductor gave primacy to singers, which does not happen often and is an excellent option. So the musical sonority sounded less expansive in parts, but the interpretation was very emotional.

What can I say about Anna Netrebko as Tatiana? That, again, she was unsurpassed, is commonplace . But seeing her in a more restrained and introspective role was new to me, and confirmed her exceptional performance qualities. The voice is fabulous, of an overwhelming beauty, perfectly suited to the role, with sharp, bright and easy top notes, and pianissimi audible in the far reaches of the huge theater. Scenically she was remarkable, both in the shy and unsure posture at the beginning, in stark contrast to the final kiss goodbye and rejection of Onegin. A unique privilege to see and hear Netrebko singing in their native language, perhaps her best performance I attended.

Polish tenor Piotr Beczala was a top quality Lenski. He is at the maximum vocal splendor and the timbre is very beautiful and always in tune . The singer was excellent on stage, starring some of the most memorable moments of the show.

Onegin was sung by Polish baritone Mariusz Kwiecien. He was a good villain as required by the character, with a remarkable vocal interpretation, although the strength of the voice has been occasionally below the desirable. He also had an unsurpassed stage presence, helped by his good figure.

Who negatively surprised me was Belarusian bass Alexei Tanovitski which was disappointing as Prince Gremin. When a few years ago he sang the same role in São Carlos Opera House in Lisbon, he impressed me very positively on the quality of hisinterpretation. I do not know what happened with the singer who is a shadow of what he was a few years ago . Weak voice, barely audible, almost always out of tune. It was a disappointing interpretation, in stark contrast with the other soloists.
Also tenor John Graham-Hall was
​​a weak Triquet, barely heard.

Elena Zaremba ( Larina), Larisa Diadkova ( Filipyevna) and Oksana Volkova ( Olga), respectively mother, companion and sister of Tatiana, offered us great interpretations.

All together, an excellent Eugene Onegin, worthy of the opening of the season at the Metropolitan Opera.

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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

JUPYRA COM CLICHÊS E CAVALLERIA COM MAFIOSOS NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO.


Crítica de Ali Hassan Ayache no blog de Ópera e Ballet.

 Após umas 300 polêmicas da direção o Theatro Municipal de São Paulo apresentou no dia 15 de Outubro duas óperas do período verista. Jupyra de Antônio Francisco Braga e a mundialmente famosa Cavalleria Rusticana de Pietro Mascagni. Essa geralmente é apresentada junto da ópera Pagliacci de Leoncavallo. A sua substituição por Jupyra é interessante, uma curiosidade musical que combina com o período histórico.

O que não combina é a qualidade da ópera, Jupyra tem um libreto fraco com ação lenta e sem a menor dinâmica. Trinta minutos iniciais se passam e quase nada acontece e no final a ópera acaba por falta de personagens, morrem quase todos. A música de Antônio Francisco Braga não tem uma grande ária, carece de melodias impactantes e muitas vezes se mostra banal e sem inspiração.

A montagem apresentada abusa dos clichês do índio e da floresta tropical do Brasil colonial. O cenário de Juan Gillermo Nova é interessante, com belas cores e mato por todos os lados. A luz de Pascal Merat realçou a beleza do cenário dando-lhe suntuosidade, os figurinos de Carla Galleri estiveram adaptados ao enredo. A direção de Pier Francesco Maestrini tem soluções razoáveis e tenta dar dinâmica a um enredo engessado com consegue saídas criativas. Não vou cansar você leitor descrevendo-as.



 Cena de Jupyra, foto Internet

 Para encarar o papel de Jupyra escalaram o soprano Angeles Blancas Gulin, a moça mostrou uma voz com timbre escuro e agudos gritados em diversas passagens. Quebrou algumas notas e mostrou-se muitas vezes agressiva. Marcello Vanucci é um tenor que sempre apresenta enorme qualidade vocal e dessa vez não foi diferente, seus agudos brilhantes e seu timbre agradável trouxe solidez ao personagem Carlito. A pequena participação de Marina Considera serviu para provar que a moça tem um futuro como cantora, seu timbre é bonito e sua técnica é sólida. A bela moça pecou no fraseado, mas isso é de fácil correção. Angelo Vecchia cantou de forma convencional e não mostrou nada mais que um barítono comum, no coral do teatro tem muitos que cantam melhor que ele.
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Após um longo intervalo, mas longo mesmo onde o público começa a bater palmas pedindo o início da apresentação tivemos a mais famosa ópera de Mascagni. A Cavalleria Rusticana ambientada no século XX onde desfilam mafiosos parecidos com os capangas de Al Capone foi uma saída interessante que não prejudicou o enredo. Os cenários, figurinos e luz estiveram a contento e harmonizaram com as ideias do diretor.

Angeles Blancas Gulin se transformou após o intervalo, sua voz esteve escura, possante e adequada à personagem. Densidade forte no timbre que capta a essência do Verismo. Atuou e cantou de maneira primorosa. Fernando Portari é um tenor com sólida carreira internacional, cantou um Turiddu de forma mágica, sua voz dispara agudos brilhantes e emotivos. Seu timbre tem um colorido mágico que sempre convence.

O pequeno papel de Lola exige que a cantora mostre em um curto espaço de tempo todo o caráter da personagem. Mulher que traí o marido e é cínica pacas. Adriana Clis consegue esse feito, sua voz escura com agudos potentes, graves quentes e unidos a uma interpretação correta mostraram quem é Lola. Sua presença de palco é exuberante e sedutora, uma Lola na medida certa. Angelo Del Vecchia voltou do intervalo da mesma maneira, convencional e sem pegada.


A Orquestra Sinfônica Municipal esteve com sonoridade e volumes corretos. Victor Hugo Toro fez um bom trabalho com os músicos. Destaque de sempre é o Coral Lírico e dessa vez junto com o Coral Paulistano, as vozes estiveram em ponto de bala. Junções, fusões e extinções que a atual diretoria promove não abalaram os coristas, estes mostraram que cantam muito bem e sempre estiveram equilibrados em todas as vozes.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O CHAPÉU DE PALHA DE ITÁLIA / IL CAPPELLO DI PAGLIA DI FIRENZE – Teatro de São Carlos, Outubro de 2013


Il Cappello di Paglia di Firenze é uma ópera di Nino Rota, com libretto de Nino e Ernesto Rota, baseado na peça Le chapeau de paille d'Italie de Eugène Labiche e Marc Michel.
Vi este espectáculo em Maio de 2011, como comentei aqui.



Com direcção musical  João Paulo Santos, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, encenação de  Fernando Gomes,  cenografia de João Mendes Ribeiro,  figurinos de Rafaela Mapril e desenho de luz de Paulo Sabino, assistimos a uma reposição de uma produção do Teatro Nacional de São Carlos de qualidade muito acima da média. O espectáculo é despretensioso, a música de audição agradável, a encenação simples mas eficaz, o jogo de luzes estupendo, o guarda roupa fantástico e as interpretações boas.



Estamos perante uma ópera que é para ouvir mas também para ver, porque há múltiplas cenas cómicas, bem interpretadas, eficazes e de bom gosto. A troca de sapatos e os percalços finais com o chapéu de palha foram verdadeiramente hilariantes.


Os intérpretes principais foram o tenor Mário João Alves como Fadinard , o soprano  Dora Rodrigues como Anaide,  o barítono José Fardilha como Nonacourt , o barítono Luís Rodrigues como Beaupertuis , o mezzo Maria Luísa de Freitas como Baronesa de Champigny,  o tenor Carlos Guilherme como Vezinet e o soprano Lara Martins como Elena.


Qualitativamente houve interpretações vocais diversas mas o espectáculo valeu como um todo. Contudo, uma nota sobre os barítonos:

José Fardilha, claramente o melhor cantor em palco, ofereceu-nos uma interpretação cheia e de beleza tímbrica assinalável.


A récita foi marcada por um episódio pouco habitual. Alguns minutos após o início do 3º acto, Luís Rodrigues ficou sem voz! O maestro interrompeu a récita e explicou que este tipo de situações acontece. Quando retomou, algum tempo depois, a solução encontrada foi João Merino (colocado num lado do palco) cantar o papel de Luís Rodrigues e este continuar em cena, representando-o. Não havendo um cantor substituto, a solução encontrada foi aceitável.


Mas as contrariedades não acabaram aqui. Também o chapéu de palha, quando finalmente aparece, não ficou pendurado no candeeiro, como deveria.


Mas foi uma tarde muito bem passada e foi um consolo ver o São Carlos praticamente esgotado.

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IL CAPPELLO PAGLIA DI FIRENZE - São Carlos Opera House, Lisbon, October 2013

Il Cappello di Paglia di Firenze is an opera by Nino Rota, with libretto by Nino and Ernesto Rota, based on the novel Le chapeau de paille d' Italie by Eugène Labiche and Marc Michel .
I saw this opera in May 2011, as commented here.

Maestro João Paulo Santos directed the Portuguese Symphony Orchestra and the Choir of the Teatro Nacional de São Carlos. The production was by Fernando Gomes and was well above the average. The opera is light, the music pleasant, the costumes excellent and the staging was simple and effective.

This is an opera to hear but also to see, because there are many comic scenes well interpreted, effective and pleasant. The exchange of shoes and mishaps with the straw hat were truly hilarious.

The main performers were the tenor Mario João Alves as Fadinard , soprano Dora Rodrigues as Anaide , baritone José Fardilha as Nonacourt , baritone Luis Rodrigues as Beaupertuis , mezzo Maria Luisa de Freitas as Baroness de Champigny , tenor Carlos Guilherme as Vezinet and soprano Lara Martins as Elena .

Vocal interpretations were qualitatively different but the performance was worth as a whole. However, a note on the Baritones:

José Fardilha clearly the best singer on stage, offered us an interpretation full of beauty and remarkable timbre .

The performance was marked by an unusual episode. A few minutes after the start of the 3rd act, Luís Rodrigues lost his voice! The conductor stopped the performance and explained that this type of situation happens. When resumed some time later, the solution was João Merino (placed on one side of the stage) singing the role of Luis Rodrigues and Luis Rodrigues continuing on stage, playing it. As there was no substitute for the singer, the solution found was acceptable.

But the setbacks did not end here. Also the straw hat, when finally appeared, did not hung the lamp, as it should happen.

But it was a nice afternoon, and it was pleasant to see the Teatro de  São Carlos almost full.


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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

La Traviata, Il trovatore, Stiffelio i altres — Fragments — Il Concert Bicentenari Verdi — Gran Teatre del Liceu de Barcelona, 06.10.2013


(Review in English below)


Hoje faz 200 anos que o maior mestre da ópera italiana nasceu — Giuseppe Verdi. Parabéns!

A propósito desta efeméride, o Liceu de Barcelona programou vários concertos com excertos das suas principais óperas.


Assistimos, na sempre bela sala de Barcelona, a um concerto de qualidade que contou com um bom elenco e com um programa generoso que durou 3 horas.

A Orquestra Simfònica i Cor del Gran Teatre del Liceu apresentou-se em bom nível dirigida por um competente maestro David Gimenez.

Mas o destaque principal vai para os cantores.


De entre os mais destacados, esteve um muito equilibrado tenor catalão Josep Bros. O tenor apresentou uma voz potente e segura, com clareza nos registos agudo e grave e a mostrar uma excelente técnica e dicção. Destacou-se também na sua capacidade interpretativa. Esteve muito bem, por exemplo, na ária “Ô jour de peine” do acto IV da ópera Les vêpres siciliennes.

Outro destaque foi o barítono Nicola Alaimo. Tem uma voz cheia e colocada, com um timbre quente e técnica equilibrada. Destacou-se na ária do acto II de La Traviata “Di Provenza il mar”.


Em excelente plano esteve o soprano coloratura italino Désirée Rancatore. Esteve quase perfeita no “È strano!… Folie, Folie!…” do acto I de La Traviata. A voz é quente, cheia, escura quando deve, e os agudos límpidos e sustentados apesar de duas falhas mínimas. Foi, por isso, das mais aplaudidas.

O soprano romeno Elena Moşuc também esteve em bom plano. Tem uma voz bonita e uma técnica equilibrada, tendo tido, por isso, uma prestação de qualidade.


Em menor destaque esteve o baixo-barítono canadiano John Relyea (a voz é boa, mas por vezes esforçada), ou o tenor italiano Antonino Siragusa (não tem um timbre particularmente belo e a sua postura é a de um fanfarão, o que lhe fica mal). Já o mezzo-soprano espanhol Lola Casariego teve um papel de pouco destaque que tentou realçar com um vestido decotado…

 
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(Review in English)

The greatest master of Italian opera - Giuseppe Verdi – was born precisely 200 ago. Congratulations!

To commemorate this ephemeris, Liceu scheduled several concerts with excerpts of his major operas .

We saw a quality concert in the always beautiful Barcelona’s hall that featured a good cast and a generous program that lasted three hours.

The Orquestra Simfònica i Cor del Gran Teatre del Liceu presented in good level directed by a competent conductor David Gimenez.

But the main highlight goes to the singers.

Among the most highlighted was a extremely well-balanced Catalan tenor Joseph Bros. He had a powerful and safe voice, with clarity in treble and bass tones and has shown an excellent technique and diction. He was also highlighted in his interpretive skills. He did very well, for example, in the aria "O jour de peine" from Act IV of Les vêpres siciliennes.

Another highlight was the Italian baritone Nicola Alaimo. He has a full voice and with warm tone and balanced technique. Wonderful in the Act II aria from La Traviata "Di Provenza il mar".

In excellent plan was the Italian coloratura soprano Désirée Rancatore. She was almost perfect in "È strano!... Folie, Folie!..." from La Traviata Act I. Her voice is warm, full, and dark when she should, with clear and sustained treble despite two minor flaws. She was therefore one of the most acclaimed.

The Romanian soprano Elena Moşuc was also in good plan. She has a beautiful voice and a balanced technique, having had, therefore, a quality performance.

Canadian bass-baritone John Relyea (his voice is good, but sometimes strained), and the Italian tenor Antonino Siragusa (he does not have a particularly beautiful timbre and his posture is of immodesty) was in a comparable minor level. Also the Spanish mezzo-soprano Lola Casariego played a little highlight role, in spite of the fact she tried to highlight it with a décolleté dress...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Balanço da minha Temporada 2012-2013 / Review of my 2012-2013 Season, por /by Fanático_Um


(Bayerische Staatsoper, Munique)

Na temporada 2012-2013 tive o privilégio de ouvir e ver muitos espectáculos e, na sua maioria, muito bons. Aponto neste balanço final apenas os que mais me marcaram.

Acontecimentos mais positivos em Portugal
Alguns concertos na Gulbenkian e, sobretudo, o recital de Joyce DiDonato, também na Gulbenkian.



Os Melhores espectáculos de Ópera
Foram vários aqueles que me deixaram excelentes memórias. Saliento, de entre eles, os excepcionais:
Der Fliegende Holländer em Zurique e em Berlim, Iolanta no Liceu de Barcelona, Giulio Cesare na Met (Nova Iorque) e, sobretudo, as 4 óperas do Anel de Munique

Os Superlativos:
Foram, sem qualquer dúvida, as 4 óperas do Anel de Munique, na Bayerische Staatsoper, Das Rheingold, Die Walküre, Siegfried e Götterdämmerung.
 É sempre um privilégio raro assistir a um anel completo e, nesta temporada, vi um em Munique e outro em Nova Iorque. Ambos muito bons, mas a qualidade do primeiro foi absolutamente excepcional.

 As grandes desilusões:
 A Tosca e o Rapto do Serralho em Zurique, a Salomé em Viena e o Trovador e Rigoletto em Lisboa.

E, finalmente, as medalhas:

Melhor espectáculo de ópera: 
As 4 óperas de O Anel do Nibelungo na Bayerische Staatsoper em Munique. Uma encenação moderna de grande impacto visual, cantores excepcionais e orquestra de primeiríssima água. Excepcional!!







Melhor interpretação masculina

Hans-Peter König,

 e Christophe Dumaux

Nada mais contrastante que escolher um baixo e um contra-tenor mas foram ambos excepcionais, o primeiro em vários papéis wagnerianos do Anel e o segundo na ópera Giulio Cesare.

Melhor interpretação feminina
Nina Stemme como Brünhilde no Crepúsculo dos Deuses, em Munique. 


Não há, na actualidade, nenhuma cantora que se aproxime da potência vocal, qualidade interpretativa e beleza tímbrica da Stemme nestes dificílimos papeis wagnerianos. Um privilégio único poder vê-la e ouvi-la!


My Season (2012-2013) Review, by Fanático_Um

In the 2012-2013 season I had the privilege to hear and see many operas, most of them very good. I point out in this final review the ones that influenced me the most.

Most positive events in Portugal
Some concerts at the Gulbenkian foundation and especially Joyce DiDonato 's recital , also at the Gulbenkian .

Best opera performances
Many left me great memories. I emphasize, among them, the exceptional ones:
Der Fliegende Holländer in Zurich and Berlin, Iolanta at the Liceu in Barcelona, Giulio Cesare at the Met ( New York ), and especially the four operas of the Munich´s Ring.

The superlatives:

The four operas of the Munich Ring, at the Bayerische Staatsoper, Das Rheingold , Die Walküre, Siegfried, and Götterdämmerung .
It's always a rare privilege to watch a complete Ring cycle and in this season I saw one in Munich and another in New York. Both were very good, but the quality of the first was absolutely exceptional.

The big disappointments:
Tosca and The Abduction from the Seraglio in Zurich , Salome in Vienna and Il Trovatore and Rigoletto in Lisbon .

And finally, the medals :
Best opera performance
The four operas of The Ring of the Nibelung in Bayerische Staatsoper in Munich. A modern staging of great visual impact, exceptional top quality singers and an excellent orchestra. Exceptional !

Best male performance
Hans Peter König, and Christophe Dumaux . Nothing more contrasting than to choose a bass and a counter- tenor but both were exceptional, the first in several wagnerian roles of the Ring, and the second in the opera Giulio Cesare.

Best female performance: 
Nina Stemme as Brunhilde in Twilight of the Gods, in Munich . There is, at present, no singer that reaches the vocal power, interpretative quality and beauty of timbre of Stemme in these extremely difficult wagnerian roles. A unique privilege to see her and hear her!