terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A FLAUTA MÁGICA / DIE ZAUBERFLÖTE, Volksoper Wien, Novembro / November 2016

(review in English below)

Assisti à Ópera A Flauta Mágica, de W.A. Mozart, na Volksoper de Viena. A sala é sóbria e despida de ornamentos, num contraste total com a famosa e exuberante opera estatal.



A produção de Alfred Eschwé é vistosa e bem conseguida, respeitando quase à letra o libreto. Mesmo para quem não conhece a história, a encenação é tão explícita que permite acompanhá-la. O palco tem frequentemente um fosso a meio, donde aparecem vários intervenientes durante o espectáculo. Uns painéis laterais que se abrem ou fecham completam e permitem com grande eficácia as muitas mudanças de cenário.

O maestro Helmuth Lohner teve uma direcção correcta mas pouco vibrante, sobretudo no início, que foi excessivamente lento.



Os cantores, todos jovens solistas que não conhecia, foram uma agradável surpresa.

O baixo austríaco Stefan Cerny foi um Sarastro excepcional e entre os melhores que tenho ouvido. Detentor de uma voz muito escura e de invulgar beleza e potência, esteve sempre ao mais alto nível. Na prestação cénica foi também irrepreensível.



JunHo You, tenor sul coreano, tem uma voz bem colocada e foi um Tamino de grande qualidade vocal. Em palco esteve estático, o que prejudicou um pouco a personagem, sobretudo pelo contraste com os restantes solistas.

(Tamino e Pamina)

O Papageno foi interpretado de forma superior pelo barítono italiano Marco Di Sapia que tem uma voz potente e de timbre muito bonito. Cenicamente foi sempre muito expressivo e ágil, como actor e como cantor.

(Papageno e Papagena)

Beate Ritter, soprano austríaco, foi uma Rainha da Noite imponente. A voz é potente, excelente na coloratura e de grande beleza.


Também muito aceitáveis, embora menos impressionantes, estiveram
Julia Coci como Pamina, Christian Drescher como Monostatos, Brigid Steinberder, Manuela Leonhartsberger, Martina Mikelic nas 3 damas e Johanna Arrouas como Papagena, esta com uma excelente actuação em palco.



Um espectáculo de qualidade num teatro de ópera secundário que poderia servir de inspiração ao Teatro Nacional de São Carlos.





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DIE ZAUBERFLÖTE, Volksoper Wien, November 2016

I attended the opera The Magic Flute, by W.A. Mozart, at the Volksoper in Vienna. The theater is sober and without ornaments, in total contrast with the famous and exuberant state opera.

The production of Alfred Eschwé is showy and well done, totally respecting the libretto. Even for those who do not know the story, the staging is so explicit that it allows accompanying it. The stage often has a middle hole, from where several actors appear during the show. Side panels that open or close completely and effectively allow for many changes of scenery.

Conductor Helmuth Lohner had a correct but not very vibrant direction, especially at the beginning, which was excessively slow.

The singers, all young soloists I did not know, were a pleasant surprise.

Austrian bass Stefan Cerny was an exceptional Sarastro and among the best I have heard. With a very dark voice and of unusual beauty and power, he was always at the highest level. In the scenic performance he was also impeccable.

JunHo You, South Korean tenor, has a well-tuned voice and was a high-quality vocal Tamino. On stage he was static, which slightly affected the character, especially by the contrast with the other soloists.

Papageno was interpreted in a superior way by Italian baritone Marco Di Sapia who has a powerful voice and a very beautiful tone. On stage he was always very expressive and agile, as an actor and as a singer.

Beate Ritter, Austrian soprano, was an imposing Queen of Night. The voice is powerful, excellent in coloratura and of great beauty.

Also very acceptable, though less impressive, were Julia Coci as Pamina, Christian Drescher as Monostatos, Brigid Steinberder, Manuela Leonhartsberger, Martina Mikelic in the 3 ladies and Johanna Arrouas as Papagena, this one with an excellent performance on stage.

A quality performance in a secondary opera theater that could serve as inspiration for the National Opera Theater of São Carlos.


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1 comentário:

  1. Quando em Viena, não pude assistir a nenhuma récita na Ópera estatal, mas assisti a uma boa récita do Morcego no Volksoper que me pareceu uma excelente sala do ponto de vista da visibilidade e da acústica. A produção, cantores e músicos eram excelentes contrastando com o desastre, anos depois, do Morcego visto e mal ouvido em S. Carlos.

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